Paranapanema:
Vereadores aprovam instalação de CPI para apurar o “Escândalo dos Remédios”
Contando com sete votos favoráveis e apenas
um voto contrário a Câmara Municipal de Paranapanema aprovou na Sessão Plenária
desta terça-feira (20) a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
para apurar denúncia de irregularidades na compra de medicamentos para o
Hospital Municipal Leonardus Van Melis.
VOTAÇÃO
Na terça-feira que antecedeu a Sessão
Plenária este dia 20, diante da gravidade da denúncia apresentada pela ONG AÇÃO
CIDADÃO, e com a anuência do presidente do Legislativo Municipal, vereador Leonardo
Araújo, o vereador Laerte Rodrigues de Lima (PR) convidou os demais vereadores para uma
reunião informal, cuja pauta, seria a apreciação do pedido de instalação da CPI
DOS
MEDICAMENTOS. Nessa tertúlia, decidiram (informalmente) os vereadores
presentes, pela apreciação do pedido no plenário. Numa leitura superficial do
resultado desse encontro, ficou praticamente definido que a maioria absoluta
aprovaria a inclusão da matéria na pauta de votação e, conseqüentemente, os
vereadores que votariam favoráveis a ainstalação da CPI e os que não gostariam
que as supostas falcatruas viessem ao conhecimento público. Nesse contexto, pudemos
deduzir os votos convictos e os duvidosos, senão, vejamos:
VOTOS
CONVICTOS: Em
nosso entendimento, votaram convictamente
favoráveis à instalação da “CPI DOS MEDICAMENTOS”, os vereadores:
Afonso Aires de Meo (PV), Alan Eduardo do Amaral Sebastião (PSD), Arimateia
Camargo da Silva (PPS), Laerte Rodrigues de Lima (PR) e Otavio Aires de Melo
(PR). Embora não se saiba o motivo, razão ou circunstância, importante
registrar que demonstrou plena convicção no seu voto contrário à instalação da
CPI, o vereador (recém empossado) Clodoaldo Cardoso (PT).
Por outro lado, nos chamou a atenção o fato de o vereador João Teixeira Filho (PP) que, embora eleito por uma coligação adversária, desde o início da gestão do ex-prefeito Márcio Faber, sempre defendeu o governo do PV de “unhas e dentes”. Sabedor de que a instalação da CPI contava com cinco votos favoráveis, oportunamente embarcou na mesma canoa. Reafirmando sua condição de “subserviente do poder”, usou seus dez minutos da palavra livre pedindo aos integrantes da CPI para que as investigações não “respingassem” no atual prefeito Antonio Nakayoshi (PV). Prova inconteste de que apesar dos seis mandatos eletivos como vereador, o nobre edil ainda demonstra ausência de familiaridade e, principalmente, de seriedade com a liturgia do honroso cargo que ocupa.
Nessa esteira, surge o vereador mais votado
nas eleições municipais de 2012 pela coligação
(PV-PT), e defensor inconteste do prefeito renunciante, MÁRCIO FABER, vereador
Osmar de Oliveira (PV). Apesar de
“humilhado” pelo ex-alcaide por ocasião do fechamento da SUBPREFIEUTRA DO
DISTRITO DE CAMPOS DE HOLAMBRA, o vereador manteve sua subserviência ao “extraterrestre”
até a sua renúncia. E para não fugir à regra da sua duvidosa conduta
parlamentar, por ocasião da votação da instalação da CPI, o vereador permaneceu
inerte em seu assento. Após o veredicto do presidente Nardinho estabelecendo o
quórum de sete votos favoráveis e apenas um voto contrário, o edil questionou o
placar alegando que seu seu voto seria contrário. Diga-se de passagem, uma
piada de mau gosto!
ENTENDA
O CASO
01 - No
início da gestão do prefeito Márcio Faber - PV (2012/2016), o redator do jornal “Tribuna da Estância” jornalista Adail
Barbosa, tomou conhecimento de
supostas irregularidades no fornecimento de medicamentos e insumos hospitalares
para o Hospital Municipal Leonardus Van Melis.
02 – Durante o
procedimento de jornalismo investigativo, apurou o jornalista que as referidas
compras vinham sendo realizadas através da empresa COMERCIAL CIRÚRGICA RIOCLARENSE LTDA., localizada na cidade de Poços
de Caldas/MG, sem o devido processo
licitatório e, supostamente, sem contrato.
03 - Alem dessas
incongruências, alegando que a prefeitura não tinha crédito para realizar
compra de medicamentos mesmo com “pagamento à vista”, o ex-prefeito
Márcio Faber teria autorizado o pagamento antecipado de produtos que sequer
haviam sido entregues. Diga-se de passagem, um fato inusitado na relação
comercial entre um órgão publico e a iniciativa privada.
04
- Corroborando com as suspeitas de irregularidades,
o jornalista teve acesso a cópias de algumas notas fiscais com preços provavelmente
superestimados, e de outras notas fiscais emitidas como doação de variados
produtos.
05 - Ao tomar conhecimento
das irregularidades apuradas pela reportagem os vereadores Laerte Rodrigues de
Lima (PR) e Alan do Amaral (PSD), passaram a apurar responsabilidades.
06 - No dia 13/06/2013,
através da Mesa Diretora da Câmara Municipal, o vereador Laerte encaminhou ao
prefeito Márcio Faber um requerimento solicitando cópias de notas fiscais,
empenhos e comprovante de pagamento a todos os fornecedores de medicamentos e
insumos hospitalares.
07 - Posteriormente, os
vereadores Laerte Rodrigues e Alan Amaral convidaram o ex-diretor administrativo
do Hospital Municipal Leonardus Van Melis, Senhor Humberto Fanganiello, para
uma reunião na Casa Legislativa. Nesta audiência o convidado teria confirmado aos
edis as supostas irregularidades, e acrescentado ainda que o seu pedido de
demissão do cargo dera em decorrência das irregularidades, com as quais não
compactuava.
08 – Expirado o prazo
regimental para respostas ao requerimento encaminhado pelo vereador Laerte, o
prefeito não forneceu as informações solicitadas, e não deu nem satisfação aos
vereadores. Um gesto inequívoco de afronta à edilidade e à população
paranapanemense, e de notório ato de desrespeito do Poder Executivo em relação
à atividade fiscalizadora do Poder Legislativo.
DESCASO
Além das evidências da denúncia, importante
pontuar os óbices criados pelo Governo Municipal de Paranapanema em relação ao
fornecimento de documentos e de informações à Câmara Municipal, em atendimento
ao REQUERIMENTO N° 23/2013 encaminhado pela MESA DIRETORA dessa Casa de Leis.
Adicionem-se a esse descaso, o não atendimento ao OFÍCIO DE CONVOCAÇÃO N°
169/2013 encaminhado ao Poder Executivo em 1° de julho de 2013, solicitando a
presença de secretários municipais para o esclarecimento das denúncias.
Em decorrência do novo OFÍCIO DE CONVOCAÇÃO
N° 174/2013, no dia 23/07/2013 compareceram a essa Casa Legislativa os
senhores Luiz Antônio Esteves Lopes Galvão e Gerson Antônio da Silva, respectivamente Secretário Municipal de
Governo e Secretário Municipal da Saúde. Inquiridos pelos vereadores sobre as
irregularidades, ambos alegaram total desconhecimento dos fatos. Diante da
falta de boa vontade dos convocados para o esclarecimento das denúncias, os
vereadores elaboraram um questionário com 10 perguntas à serem respondidas no
prazo regimental de 10 (dez) dias. O aludido questionário foi encaminhado em
23/07/2013 ao Chefe do Executivo através do OFÍCIO N° 186/2013, por intermédio
do Secretário Municipal de Governo que acusou o recebimento do documento. No
entanto, em mais uma demonstração de desapreço pelo Legislativo Municipal, até
a presente data o Poder Executivo não se manifestou a respeito do mesmo.
Esses e outros fatos demonstram não só a
resistência do Governo Municipal às
investigações, mas também, confirmam as suspeitas sobre a não realização dos
procedimentos licitatórios, em contrariedade à Lei nº 8.666/93, bem como sobre
a prática de várias outras ilicitudes.
RENÚNCIA
Consciente de que a instalação de uma
COMISSÃO PROCESSANTE fatalmente culminaria com a cassação do seu mandato por
prática de ato de improbidade administrativa, em 31/07/2013 o então prefeito
Márcio Faber (PV) protocolizou junto à secretaria da Câmara Municipal de Paranapanema,
o seu pedido de renúncia ao cargo de Chefe do Poder Executivo Municipal.
PEDIDO
DE CPI
Na manhã de quinta-feira (01/08) a ONG AÇÃO CIDADÃO (ASSOCIAÇÃO DE DEFESA
DOS DIREITOS DO CIDADÃO DA ESTÂNCIA TURÍSTICA DE PARANAPANEMA) ingressou com um
requerimento na Câmara Municipal de Paranapanema solicitando a constituição de
uma COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
(CPI) para apurar as
irregularidades na compra de medicamentos, por se tratar de fato certo e
determinado, envolvendo a administração publica municipal de Paranapanema, de
responsabilidade do ex-prefeito Márcio Faber.
A CPI deverá analisar a denúncia de fundados
indícios e suspeitas, de irregularidades praticadas, pelo ex-gestor e ordenador
de despesas na aplicação de recursos públicos, especialmente na compra de
medicamentos, supostamente sem processo licitatório, suspeita de
superfaturamento, emissão irregular de
notas fiscais e suspeitas de desvios de recursos públicos para terceiros, sendo
esses os fatos que deverão ser apurados pela Comissão Parlamentar de Inquérito
nomeada pelo Poder Legislativo Municipal de Paranapanema.
CONFISSÃO
DE IRREGULARIDADE
Teoricamente a empresa
envolvida no fornecimento de medicamentos para a Prefeitura Municipal de
Paranapanema confessou as irregularidades apontadas na denúncia, ao assumir
formalmente que recebia pagamentos antecipados, conforme cópia de
correspondência abaixo reproduzida:
Uma medida que afronta os preceitos arigo 2° da Lei das Licitações (Lei n°
8.666/93) que estabelecem que as obras, serviços, inclusive de publicidade,
compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração
Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de
licitação.